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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Aqueles homens adoráveis e seus carros velhos...

Adorei esse texto de Fernada Dannemann:

Não fui uma adolescente das mais espertas em se tratando de rapazes, mas sempre que me interessava por um, invariavelmente ele não tinha carro. Nas poucas vezes em que aconteceu de ter, era um carrinho velho que eu achava um charme: houve um fusquinha, um Baja __alguém se lembra?__ e até um Maverick cujo tapete estampado de verde havia sido surrupiado do banheiro da “sogra” da vez.







O demais namorados andavam de ônibus e isso para mim nunca foi um problema. Se a festa era muito longe, o jeito era pegar um táxi, caso contrário, íamos mesmo de “buzão”. Minhas amigas debochavam dos “duros” que eu namorava, enquanto que, o que eu gostava mais, era da segurança que eles tinham em si mesmos: não precisavam de um carro para me impressionar.






Já por volta dos 30 anos, me desinteressei de um homem no momento em que ele me disse, enquanto pilotava seu Land Rover novinho em folha, que não tinha dinheiro para dar de entrada num apartamentinho. Cruzes! Vi todo o meu interesse por ele ser atropelado pelo carrão em plena noite enluarada de verão, de frente para o mar de Ipanema... e o romance que poderia ter nascido morreu ali mesmo.






Por outro lado, certa vez fui instantaneamente flechada pela paixão quando um paquera, depois de me oferecer uma carona, deu de ombros __em vez de dar um ataque__ ao perceber que seu carro havia sido roubado.






-- Estava aqui e sumiu – disse, com ar de quem não iria estragar a noite por causa daquilo. Logo depois encontramos o "possante", que estava estacionado em outra vaga, mas a boa impressão já estava na minha cabeça. O relacionamento durou anos!






Já ouvi aqueles papos de que, para o homem, um carro pode ter muitos significados, inclusive a respeito de sua virilidade. Por isso mesmo, considero realmente interessante aquele que não precisa de um carro para se garantir: ele é mais ele, e ponto final.






Daí fico pensando sobre homens que fiam seu poder de atração nos carrões 4X4: não são todos os que fazem isso, imagino, mas que alguns fazem... ah, fazem sim. Dia desses, um deles me xingou no trânsito depois que, de leve, encostei __de novo: encostei__ em seu para-choque com o nariz do meu Fiatzinho. Ele parou o trânsito, desmontou do carro, olhou bem o para-choque e carinhosamente o alisou, quase como se fosse uma moça... e depois me xingou. Como deve sofrer com aquele carro... quanta preocupação, quanto medo de um prejuízo, de um risquinho, um amassadinho... gastou os tubos na compra e no seguro, e em vez de ser feliz, sofre.






Numa outra vez em que me aventurei a sair para jantar com um proprietário de carrão, percebi que sua grande preocupação era não estragar o dito cujo. Quando tirei as sandálias de salto, para descansar os pés, ele imediatamente perguntou se eu pretendia pisar no banco. Naquele instante minha intuição acendeu sua luz vermelha, e a historinha acabou ali.






Mas hoje em dia, quando vejo os carrões zunindo pelas avenidas da cidade, muitas das vezes ultrapassando pela direita, fechando os outros motoristas, acendendo o farol alto nos olhos dos que estão à frente e outros "que tais" típicos de quem se considera "o dono da rua", me pergunto se à namorada aquele motorista dá o mesmo nível de importância. Será que sua vaidade permite que ele seja tão detalhista e cuidadoso no amor quanto é com seu possante?




Olha um dos meus namorados aí!



Postado por Fernanda Dannemann às 09:47

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